Planejamento e resultado: 3 passos simples para gerenciar metas e objetivos.

Diferente de outras culturas como a americana ou a japonesa – onde desde a infância as pessoas são incentivadas a desenvolver metas e objetivos pessoais de médio e longo prazo e aprendem a poupar para atingir seus objetivos – nossa cultura latina essencialmente não forma adultos com educação financeira focada em planejamento e hábitos de poupança e/ou investimento.

Essa falta de hábitos e boas práticas financeiras, na maioria das vezes, persegue a maioria dos empreendedores brasileiros, que trazem suas falhas pessoais para a gestão de suas empresas.

O fato é que não conhecer as boas práticas financeiras e a falta de hábitos de planejamento, poupança e investimento faz com que muitas pequenas empresas acabem por sucumbir pela falta de capital de giro, estoques com volumes inadequados, custos fixos desproporcionais ao volume de vendas, margens estreitas, entre outros fatores que poderiam ser facilmente previstos e seus riscos mitigados através de um bom planejamento financeiro e orçamentário prévio. Já vi muitos negócios de alto potencial sucumbir por causa da mania do “fazejamento” que a maioria dos empreendedores brasileiros empregam em detrimento da cultura do planejamento.

Apesar do que a maioria das pessoas costumam pensar, elaborar um sólido planejamento para uma pequena empresa ou mesmo para sua vida pessoal não é nenhum bicho de 7 cabeças, basta seguir alguns preceitos muito básicos, que listamos logo a seguir:

PASSO 1 – Pare de “viajar”: transforme desejos em metas.

Todo planejamento deve começar com um objetivo claro e um prazo máximo para alcança-lo, afinal não há o que planejar se você não sabe onde quer ir. Gosto muito de uma técnica chamada “SMART” para determinação de metas, tal metodologia tem esse nome porque é uma sigla para as seguintes palavras:

  • Specific (Específico)
  • Measurable (Mensurável)
  • Attainable (Atingível)
  • Realistic (Realista)
  • Time Bound (Temporizável).

Na prática:

ESPECÍFICO:

Suas metas e objetivos devem ser formuladas de forma específica e precisa. Não crie objetivos vagos como “vender mais”, ao invés disto use objetivos claros como “aumentar as vendas da linha de produtos “x” em 35%. Objetivos generalistas tendem a ser menos eficazes.

MENSURÁVEL:

Defina suas metas de forma que você consiga mensurá-las, para posteriormente medi-las e analisá-las. Metas devem suficientemente quantificáveis a ponto de não restar dúvidas se você ou sua empresa atingiu-as ou não.

ATINGÍVEL:

Seja realista e determine metas e objetivos alcançáveis, fuja das metas “pau de sebo”, onde o esforço parece nunca valer a pena. Lembre-se que raramente você fará tudo sozinho, por isso envolva ativamente todo mundo que participa da empresa. Todos devem saber o seu papel, seus objetivos, metas e métricas de performance.

REALISTA:

Considere os meios e recursos que você dispõe para determinar metas realistas. Toda empresa conta com recursos materiais, financeiros e humanos limitados no curto prazo, lembre-se que é muito mais eficiente e seguro “subir um degrau por vez”. A maioria das pessoas erra aqui, (este que vos escreve é um que já errou muito neste passo), pois empreendedores geralmente são otimistas demais e costumam desconsiderar as premissas que citei acima, aumentando muito o risco do planejamento ou simplesmente desmotivando no meio do caminho por causa de metas inatingíveis.

TEMPORIZÁVEL:

Seus objetivos devem ser bem definidos em termos de duração e prazos.
Indique um intervalo de tempo para cada objetivo e monitore com frequência semanal ou mensal se você esta cumprindo os prazos de cada tarefa. Um planejamento eficiente é muito mais parecido com uma “trilha” onde você vai corrigindo a rota conforme os desafios do que um “trilho” de trem onde é só seguir uma viagem tranquila e sem surpresas.

PASSO 2 – “Quebre” suas metas em pequenas partes (tarefas e iniciativas)

Como vimos no SMART, é muito mais fácil atingir uma meta se ela for específica, ou seja: objetiva. Nesse sentido “mudar de vida” pode ser um desejo, mas com certeza não é uma meta. Para alcançar esse desejo uma pessoa provavelmente teria mais sucesso se traduzisse esse desejo em metas objetivas como: “acabar com as dívidas”, “mudar de casa”, “salvar o casamento”, “recuperar financeiramente a empresa”; mas ainda assim o planejamento não estaria pronto. O próximo passo é quebrar estas metas objetivas em ações efetivas, ou seja, tarefas e iniciativas que se realizadas terão uma relação direta de causa e efeito com o objetivo.

Para ajuda-los aqui vou lançar mão de mais uma ferramenta que costumo usar sempre que faço planejamento para minhas empresas ou para empresas de clientes: o 3W2H.
3W2H é uma sigla para:

  • What (O que será feito)
  • Who (Quem fará)
  • When (Quando será feito)
  • How (Como será feito)
  • How Much (Quanto custará)

Uma simples planilha como a exibida abaixo já vai ajudar você a transformar de forma efetiva um desejo em uma meta SMART.

Planejamento de Marketing Digital:

exemplo de planilha no modelo SMART

PASSO 3 – Transforme suas metas em números

Depois que você finalmente elencar quais são os seus principais objetivos, como você pretende atingi-los e o período em que você correrá atrás das suas metas o próximo passo será você transformar isto em números. Mas calma, antes de torcer o nariz e dizer que isto é muito chato entenda que não é possível determinar se suas metas são ou não realistas se você não as transformar em métricas mensuráveis (como já vimos acima).

Outro motivo indiscutível que praticamente obriga-nos a “planilhar” o planejamento é que, sem métricas financeiras não podemos avaliar se as ações que planejamos estão trazendo ou não os resultados efetivos e na velocidade esperada. Na imensa maioria das vezes os resultados financeiros efetivos de um planejamento acontecem em pequenos picos confirmando que a empresa esta ou não no caminho certo. O seu gráfico tende a parecer mais com uma “escada” do que com uma ladeira seja ela linear ou não:

exemplo de timeline de tarefas cumpridas: evolução natural
exemplo de gráfico de evolução, cumprimento de tarefas em escala acelerada
gráfico exemplo de cumprimento de tarefas não recomendado: deixar para a última hora.

Sendo objetivo:

Projete o seu Demonstrativo de Resultado e o Fluxo de Caixa para o ano, considerando todos os investimentos, custos e despesas necessárias para colocar as iniciativas do seu planejamento em prática, assim como o impacto direto esperado nas vendas, produtividade e margem de lucro conforme as tarefas distribuídas em seu cronograma.

Existem hoje diversas ferramentas disponíveis para ajuda-lo(a) a estruturar, mensurar e acompanhar o planejamento financeiro da sua empresa, assim como buscar o auxílio de um consultor financeiro especializado em pequenas empresas pode ser o caminho para que você finalmente transforme os seus sonhos em metas objetivas e alcançáveis. Encontre o melhor caminho para você, mas invista no planejamento da sua empresa, qualquer planejamento é melhor que nenhum.

Só não caia na armadilha do “fazejamento” ou na da síndrome do “pensamento positivo” (estilo de gestão empresarial onde gestores acreditam que basta querer para alcançar).

Forte abraço e sucesso!

Danilo Gimenes.

Venha conhecer o DNA Financeiro.