O Senado aprovou o projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) para quem recebe até R$ 5.000 por mês. A mudança promete beneficiar milhões de brasileiros e exige atenção especial de contadores, empresas e profissionais autônomos para ajustes operacionais a partir de 2026, quando a nova regra deve entrar em vigor após sanção presidencial.

Neste artigo, reunimos tudo o que você precisa saber, de forma simples, completa e prática.



Resumo rápido (para quem tem pressa)

  • Renda mensal de até R$ 5.000 ficará 100% isenta de IR.
  • Faixa entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350 terá desconto progressivo, reduzindo bastante o imposto.
  • O governo pretende compensar a perda com maior tributação sobre rendas altas, incluindo altas distribuições e dividendos.
  • A mudança deve começar a valer em janeiro de 2026.
  • Empresas e escritórios de contabilidade precisarão revisar folhas de pagamento, retenções na fonte e simulações tributárias.

O que muda no Imposto de Renda

A novidade mais comentada é a ampliação da faixa de isenção para R$ 5.000/mês, um salto expressivo se comparado às regras atuais.

1. Isenção total até R$ 5.000

Quem recebe até esse valor não terá qualquer retenção de IR na fonte e deve ser dispensado do imposto no cálculo anual, salvo se houver outras rendas tributáveis.

2. Faixa de transição: até R$ 7.350

Rendimentos entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350 terão um desconto progressivo, reduzindo boa parte do imposto devido.

Essa faixa impede um “salto” tributário e ajuda trabalhadores que ganham um pouco acima da isenção.

3. Para quem ganha acima de R$ 7.350

A tributação volta a seguir a lógica tradicional da tabela progressiva, sem o desconto.

Por que isso está acontecendo?

A ampliação da isenção beneficia fortemente a base da população — especialmente trabalhadores que viram seu salário perder poder de compra nos últimos anos.

Para compensar a perda de arrecadação, o projeto prevê:

  • maior tributação sobre altas rendas,
  • aplicação de alíquota mínima para quem ganha acima de R$ 600 mil/ano,
  • aumento progressivo até rendimentos superiores a R$ 1,2 milhão/ano,
  • possibilidade de tributação ampliada sobre dividendos de grandes fortunas.

O objetivo é tornar o sistema mais progressivo: quem ganha mais, paga mais.

Quando começa a valer?

A expectativa — baseada no texto aprovado e em análises oficiais — é de que a mudança entre em vigor em janeiro de 2026, após a sanção presidencial e publicação no Diário Oficial.

Até lá tudo segue como está hoje.


Como isso afeta o trabalhador?

Para quem ganha até R$ 5.000 mensais, o impacto é imediato:

aumento do salário líquido
✅ mais dinheiro disponível no mês
✅ redução da retenção na fonte

Exemplo simplificado:
Um trabalhador com salário bruto de R$ 4.500 pode ter hoje retenção de IR dependendo das deduções. Com a nova regra, passaria a não pagar nada de imposto.

Impactos para empresas e departamentos de RH

As áreas de DP e contabilidade devem se preparar para atualizar processos e sistemas:

1. Atualização das tabelas de IRRF

Sistemas de folha precisarão aplicar automaticamente as novas faixas.

2. Ajustes no cálculo do líquido

O aumento do salário líquido pode gerar dúvidas em colaboradores — recomenda-se criar FAQ interno.

3. Comunicação com colaboradores

É estratégico enviar comunicados explicativos para evitar confusão sobre o holerite.

4. Revisões de contratos, acordos e benefícios

Alterações de retenção podem impactar:

  • cláusulas de remuneração líquida,
  • projeções de custo de pessoal,
  • benefícios atrelados ao salário bruto ou líquido.

Impactos para contadores

Para escritórios contábeis, a mudança exige uma revisão mais profunda:

✅ Adequação de sistemas e ERPs

✅ Recalcular projeções de IRPF e estimativas de clientes

✅ Revisar planejamentos tributários de empresas e sócios

✅ Analisar efeitos sobre pró-labore e distribuição de lucros

✅ Orientar MEIs e autônomos sobre retenções e carnê-leão

✅ Preparar comunicados e materiais explicativos

Profissionais de contabilidade terão papel fundamental em orientar empresas e pessoas físicas para evitar recolhimentos indevidos e aproveitar corretamente os benefícios.

E para MEIs e autônomos?

MEI

O MEI em si não muda, mas o titular pessoa física pode ser beneficiado:

  • pró-labore até R$ 5.000 tende a ficar isento,
  • lucros distribuídos permanecem seguindo regras específicas,
  • casos mistos devem ser analisados individualmente.

Autônomos

Quem emite RPA e tem IR retido na fonte deve sentir alívio imediato no líquido.
Para quem usa carnê-leão, o cálculo mensal deve seguir as novas faixas quando entrarem em vigor.

Profissionais liberais

Se trabalham como pessoa física, terão impacto direto no imposto.
Se atuam via PJ, é necessária atenção redobrada na estratégia pró-labore x lucros.

Perguntas frequentes

Quem ganha R$ 5.000 ficará totalmente isento?

Sim – dentro da proposta aprovada, essa faixa é de isenção total.

O 13º salário também ficará isento?

Dependerá da regulamentação da Receita Federal quando publicar a instrução normativa para 2026.

A partir de quando meu holerite muda?

Somente após a vigência oficial – previsão de janeiro de 2026.

Preciso retificar minha declaração de 2025?

Não. A mudança não é retroativa.

Empresas pagarão menos encargos?

Não. INSS, FGTS e encargos permanecem iguais – o que muda é o IR retido na fonte.

Pessoas com múltiplas rendas continuam isentas?

Depende: salário + aluguel + dividendos podem ultrapassar a faixa e gerar IR.

É necessário simular caso a caso.

Como se preparar agora

Mesmo antes da vigência, empresas e escritórios podem adiantar o trabalho:

✅ atualizar sistemas de folha e DP
✅ criar comunicados internos
✅ simular cenários para clientes
✅ revisar planejamentos de pró-labore
✅ ajustar contratos e projeções salariais
✅ acompanhar a sanção e a publicação oficial

A mudança é grande e tende a beneficiar boa parte da população — mas exige atenção técnica e operacional para ser aplicada corretamente.

Conclusão

A ampliação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5.000 é uma das mais relevantes mudanças no sistema tributário recente. Ela traz alívio para trabalhadores, obriga empresas a revisarem suas operações e desafia contadores a atualizarem suas rotinas e orientações.

A DNA Financeiro continuará acompanhando todas as atualizações tributárias para manter empresas e contadores sempre à frente.