A Reforma Tributária é o maior redesenho do sistema fiscal brasileiro em décadas — e, como toda grande mudança, ela desperta dúvidas e apreensões, especialmente entre micro e pequenas empresas.

Empresas menores costumam ter menos estrutura administrativa e suporte contábil, o que torna natural a preocupação com temas como aumento de carga tributária, perda de benefícios do Simples Nacional, novas obrigações acessórias e custos de adaptação.

Neste artigo, vamos detalhar o que realmente muda para quem é ME, EPP ou optante pelo Simples Nacional — e, principalmente, o que você pode fazer desde já para se preparar e reduzir os impactos da transição.



O que muda (ou não) no Simples Nacional

A primeira dúvida é também a mais comum: o Simples Nacional vai acabar?
A resposta é não.

A Emenda Constitucional nº 132/2023 e a Lei Complementar nº 214/2025 deixaram claro que o Simples Nacional será mantido como um regime diferenciado e favorecido para micro e pequenas empresas.

Contudo, o sistema precisará ser harmonizado com o novo modelo de tributos sobre consumo (CBS e IBS).
Na prática, isso significa que:

  • As empresas do Simples continuarão pagando seus tributos por meio do Documento Único de Arrecadação (DAS);
  • Mas haverá regras de transição e ajustes de repasse entre União, Estados e Municípios para garantir a correta destinação das receitas;
  • O Comitê Gestor do Simples (CGSN) deve publicar novas resoluções até 2026 detalhando como será essa adaptação, especialmente em relação aos créditos tributários do IBS e da CBS.

Em outras palavras: o Simples continua, mas com ajustes técnicos e operacionais para se integrar ao novo sistema nacional de consumo.

📘 Fonte: Lei Complementar nº 214/2025, art. 96; Portal do Senado Federal.


E os regimes especiais e setores diferenciados?

Alguns segmentos, como transportes, saúde, educação, cooperativas e construção civil, possuem tratamento tributário especial — e isso não vai mudar de forma brusca.

A Reforma prevê que esses setores terão regras específicas de apuração e créditos dentro da CBS e do IBS.
Esses mecanismos serão regulamentados em Leis Complementares adicionais, que definirão quem terá direito a regimes diferenciados e sob quais condições.

Para as empresas que operam em setores com benefícios fiscais estaduais ou municipais, haverá um período de transição até 2033, para que os incentivos sejam progressivamente substituídos ou absorvidos pelo novo modelo.


O papel dos “nanoempreendedores” e os limites de receita

Uma das novidades do debate tributário é a criação de faixas específicas para “nanoempreendedores”, como vem sendo discutido em relatórios técnicos do Ministério do Desenvolvimento e em estudos como o da Roi Contabilidade.

A ideia é criar um degrau abaixo do MEI, voltado a atividades de baixíssimo faturamento (como profissionais informais ou negócios de subsistência), permitindo um regime ainda mais simplificado e de baixa carga tributária.

Embora ainda não esteja formalmente aprovado, o projeto busca garantir que o empreendedor em fase inicial continue tendo proteção legal e acesso à formalização sem aumento de custo.

Além disso, os limites de receita do MEI (atualmente R$ 81 mil) e do Simples Nacional (até R$ 4,8 milhões) poderão ser reavaliados após a implementação do novo modelo, para refletir a inflação acumulada e a nova estrutura tributária.



Custos de compliance e novas obrigações acessórias

Mesmo com a promessa de simplificação, a transição trará um período de adaptação para empresas e contadores.
O principal impacto para as MEs e EPPs será o aumento temporário dos custos de compliance — ou seja, o tempo e os recursos gastos para cumprir as obrigações tributárias.

Entre as novidades previstas:

  • Adequação dos sistemas de emissão de notas fiscais para incluir os campos de IBS e CBS;
  • Atualização dos ERPs e plataformas contábeis;
  • Novos layouts de SPED Fiscal e demais declarações acessórias;
  • Necessidade de acompanhar alíquotas dinâmicas e créditos automáticos por operação.

Apesar disso, a tendência é que o custo de compliance caia no médio prazo, uma vez que a unificação de tributos deve reduzir o número de declarações e a complexidade de cálculo.

📘 Fonte: Nota Técnica 2025.001 – RTC e Ministério da Fazenda.


Como calcular cenários de transição para PMEs

A transição para o novo sistema será gradual — e isso abre espaço para planejamento tributário estratégico.

Veja as principais etapas:

  • 2026 a 2028: entrada em vigor das alíquotas de teste (CBS 0,9% e IBS 0,1%), em paralelo ao modelo atual de PIS/Cofins, ICMS e ISS;
  • 2029 a 2032: período de convivência entre os dois sistemas, com aumento gradual do peso da CBS/IBS;
  • 2033 em diante: modelo totalmente substituído.

Para micro e pequenas empresas, esse cronograma significa que há tempo para simular cenários, ajustar preços e rever enquadramentos.

Ferramentas de planejamento e calculadoras fiscais inteligentes, como as usadas por escritórios contábeis digitais, serão fundamentais para comparar regimes e evitar surpresas.


Estratégias práticas para mitigar os impactos

A melhor forma de atravessar a Reforma Tributária com segurança é se preparar desde já.
Veja algumas estratégias recomendadas:

  1. Reforce o relacionamento com o contador – ele será essencial para interpretar as novas regras e indicar o melhor regime.
  2. Mapeie os impactos no fluxo de caixa – identifique se os créditos de IBS/CBS podem melhorar sua margem.
  3. Revise preços e contratos de longo prazo – especialmente em setores com substituição tributária.
  4. Invista em automação fiscal – plataformas integradas reduzem erros e tempo de apuração.
  5. Participe de treinamentos e capacitações – estar atualizado é a melhor defesa contra erros de enquadramento.

Empresas que se anteciparem às mudanças poderão aproveitar vantagens competitivas e até reduzir custos durante a transição.


Conclusão: um novo ciclo para os pequenos negócios

A Reforma Tributária não é apenas uma mudança técnica — é uma reestruturação do ambiente de negócios no Brasil.
Para as micro e pequenas empresas, o impacto será significativo, mas também representa uma oportunidade de modernização e transparência.

O novo sistema tende a premiar quem mantém controle, tecnologia e conformidade.
E é justamente aí que as empresas de menor porte podem se destacar, adotando ferramentas inteligentes de gestão fiscal e contábil que automatizam tarefas e liberam tempo para o crescimento.


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